sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Relembrando o Arco da Velha


E hoje publicamos a prometida "conversa" que tivemos com a 1ª Prenda Mirim do Rio Grande do Sul 90/91, Patrícia Menti. Ela respondeu a algumas perguntas formuladas pelo blog por email, lembrando de um importante projeto desenvolvido na gestão de prendas estaduais naquele ano: o Projeto Arco da Velha. Confere.

1) Como era o concurso estadual de prendas quando concorreste? Lembras quais eram as provas que compunham o concurso?
Nosso concurso foi realizado em Tramandaí no ano de 1990. Lembro bem de toda preparação para "não fazer feio" no concurso. Nosso CTG era tão pequeno, fundado em 1984, jamais tinha tido alguma prenda participando de concurso estadual, então, a preocupação não era obter algum título, mas apenas apresentar o nome do Porteira Aberta e do Município de Bom Princípio no cenário estadual. Sentia o peso desta responsabilidade, apesar de pouca idade. Minha mãe, professora, sempre me estimulando, incentivando e ensinando sobre o nosso Rio Grande do Sul, nossas tradições, folclore, história, atualidade... O professor de dança se esmerava em orientar nos ensaios com meu par. A professora de música, por sua vez, se preocupava com a afinação de sua pupila. Este esforço coletivo culminou na conquista do título de 1ª Prenda Mirim do Estado do Rio Grande do Sul 90/91, título do qual até hoje lembro com muito orgulho.
O concurso consistia em três momentos: prova escrita, artística e desfile. A prova escrita, primeira delas, foi realizada na sexta-feira. Envolvia questões acerca do tradicionalismo, folclore, história e atualidade. No sábado foi a prova artística que iniciava com uma entrevista com cinco jurados, avaliando a cultura geral da candidata, sua desenvoltura, simpatia, desinibição. Na sequência a prova artística propriamente dita: cantar, dançar, declamar e apresentar trabalhos manuais. Na grande noite o desfile individual e coletivo. Lembro tanto do soninho que me rondava! Imaginem uma criança de 11 anos acordada altas horas. Finalmente, por volta das 4 horas da madrugada de domingo, foi com grande emoção que recebemos o resultado do concurso.


2) Que experiências retiraste do prendado? O projeto Arco da Velha é da tua época de prenda? Em que consistia exatamente?
O prendado fortaleceu ainda mais o amor pelas nossas raízes e nossas tradições. Todos os finais de semana comprometidos com atividades promovidas por CTG's, MTG... Com o prendado veio o sentimento de responsabilidade de fazer a diferença. Então, juntamente com a antiga LBA (Legião Brasileira de Assistência) de Bom Princípio começamos o projeto "Nenhuma criança sem escola por falta de material escolar", que consistia em buscar doações de material escolar junto à empresas, políticos e simpatizantes da campanha para doarmos aos alunos carentes. Ainda em parceria com a LBA, participamos da campanha de agasalho, em que conseguimos uma doação bem expressiva de cobertores junto ao Governo Estadual.
Já o Projeto "Do Arco da Velha - Artesanato e Brinquedos Folclóricos Gaúcho" foi idealizado e executado por todas as prendas estaduais da gestão 90/91, projeto este que antes de tudo objetivou a valorização das características individuais de cada região. Com o auxílio e apoio das prendas regionais foi possível fazer uma pesquisa detalhada do artesanato e brinquedos folclóricos gaúchos predominantes em cada uma das regiões. Com isso resgatamos origens, abrimos caminhos, cruzamos fronteiras e assim, levamos conosco o mais puro amor pelo Rio Grande do Sul. Dentro deste trabalho, em Bom Princípio, conseguimos realizar uma mostra dos brinquedos folclóricos encontrados em nosso Município. Foi extremamente gratificante ter participado deste projeto pioneiro.

3) Falaste que vives ainda em Bom Princípio. Tens militado no Movimento por aí?
Infelizmente, com a correria diária (trabalho de dia, faculdade de noite) acabou se tornando inviável a militância junto ao Movimento. Dentro das minhas limitações gosto de acompanhar, ainda que à distância, os acontecimentos e promoções do Movimento que sempre viverá forte em meu coração.

4) O que fazes hoje profissionalmente?
Estou em uma fase de renovação profissional. Minha formação é Bacharelado em Ciências Jurídicas e Sociais, concluí recentemente uma pós-graduação em Direito Notarial e Registral e sigo com outra pós-graduação em Direito Civil e Direito Processual Civil. Durante 14 anos trabalhei no Serviço Registral e Notarial e agora, sinto a necessidade de mudar, crescer, inovar. Então, começo a exercer a advocacia. Estou bem empolgada com este novo desafio.

5) Sentes falta da tua época de prenda estadual? Do que em especial?
Certamente sinto muita falta. A vivência de nossa cultura tradicionalista era intensa, como eu disse anteriormente, todos os finais de semana minha família e eu seguíamos para um lugar diferente, conhecíamos pessoas que sempre nos recebiam com um carinho de velho amigo. Aquela recepção calorosa que é tão peculiar ao povo gaúcho. Lembro com saudade dos debates acerca dos mais diversos temas do nosso tradicionalismo, as questões que envolviam o projeto, e ainda assim, as prendinhas mirins tinham condições de serem crianças, de escapar para brincar e se divertir. Saudades das pessoas que fizeram parte deste período! Saudade deste tempo!

6) Que palavras dirias para as prendas que pretendem galgar um cargo dentro do MTG?
Meninas, o fundamental é o amor que temos pelo nosso Rio Grande do Sul, não podemos deixar nossa história  e nossas tradições serem apagadas pelo tempo, ao contrário, devemos propagar e espalhar o nosso Movimento. O que vale não é o título de prenda estadual, mas o que fazemos com ele, a contribuição que traremos para este Movimento.


Beijo enorme, meninas! Parabéns pela iniciativa e empenho de vocês.
Patrícia Menti

Um comentário:

  1. Olá, não sou gaúcha de nascença, mas de coração.
    Gostaria de conhecer mais a fundo essa cultura que amo tanto!
    Um abraço e parabéns!

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