terça-feira, 6 de julho de 2010

Entrevista com Fábio Braga Mattos, candidato à presidência do MTG (por email, transcrição das respostas enviadas pelo entrevistado

Blog: Por que pretendes ser presidente do MTG?

Fábio: Inicialmente necessito dizer que minha candidatura não é uma manifestação pessoal do Fábio, mas de uma coletividade, que há alguns anos vem buscando que colocássemos nosso nome na disputa pela presidência. Fora isso, cremos que eu tenha adquirido a experiência necessária para ocupar o cargo e tenha a disposição de liderar uma verdadeira “mudança” que se faz necessária na administração do tradicionalismo organizado.

Iniciei no MTG atuando no Departamento Jovem e, quando iria assumir o posto máximo, declinei para assumir, com 21 anos de idade, a Coordenadoria da 21ª RT, o que era um imenso desafio. Fui coordenador por 7 mandatos. Fui patrão do CTG Sinuelo. Atuei no Departamento de Cultura do CTG Tropeiros da Amizade e fui capataz da entidade. Há cinco anos estou no Conselho Diretor e em 2002 fui suplente do conselho. Tenho mandato até 2011 e entre 2006 e 2008 fui membro do Conselho de Ética do MTG, com forte atuação. Além disso tenho marcante atuação nos Congressos e Convenções do MTG, tendo atuado como relator-geral e vice-presidente de Congresso. Vê-se que atuei nas diversas áreas do Movimento e que adquiri a experiência necessária para presidi-lo, escutando os mais experientes e dividindo as responsabilidades e decisões com as hostes diretivas, especialmente o Conselho Diretor por onde devem passar todas as decisões relevantes do MTG e deve opinar em todos os assuntos que interessam à entidade. Por fim, saliento que, tendo o próprio MTG criado Concurso de Prendas, Concurso de Peões e Departamento Jovem há tantos anos, objetivando dar qualidade à juventude de assumir os principais cargos e atribuições do tradicionalismo, até hoje ninguém ocupou a presidência que tenha sido oriundo desses institutos. Além dessas questões relativas ao tradicionalismo, obtive grande avanço pessoal com o desenvolvimento de minha carreira profissional, atuando na advocacia, o que também confere respaldo para desenvolver e enfrentar as atividades da presidência do MTG.

Blog: O que deve ser melhorado no Movimento?

Fábio: Cremos que inúmeras mudanças são necessárias, nenhuma, no entanto, que altere a essência da tradição, do tradicionalismo e de nossos mais caros princípios. Elegemos duas questões que entendemos serem primordiais: a reaproximação do MTG das entidades filiadas e a disseminação da filosofia tradicionalista na base. A primeira é fundamental, pois o MTG existe para federar as entidades tradicionalistas, mas hoje nossos próprios filiados estão recusando a liderança do MTG. Isso aconteceu porque temos, ao longo dos anos, tomado decisões “de cima para baixo”, autoritárias, que não primam pela ampla discussão, especialmente ouvindo as entidades. Resultado: pouco mais de 20% das entidades tem participado ativamente de nossas atividades, e pior, existe mais de 25% de filiados que não possuem nenhuma atividade o ano todo, basta verificar a lista destaques editada anualmente. A segunda é a única maneira de sobrevivência do tradicionalismo. Precisamos ir às bases e dizer o que é o tradicionalismo, para que serve, quais seus objetivos, porque estamos nesse Movimento. Feito isso reforçaremos a atuação das entidades filiadas, poderemos parar de acrescentar minúcias nos regulamentos, pois todos sabendo nossos deveres e responsabilidades, o regulamento é quase desnecessário. Só alcançaremos essa fase com uma investida eficaz do CFor – que necessita ter sua dinâmica e temas reavaliados – em direção às cidades do interior do Estado e do CFor Avançado em direção às Regiões Tradicionalistas.

Blog: Quais os principais planos para o teu mandato?

Fábio: Precisamos fazer diversas reavaliações, com amplo debate, onde se ouça o Conselho Diretor, os coordenadores, as entidades tradicionalistas, os diretores de entidades e RTs nas diversas áreas, a juventude, as prendas e peões titulados atuais e que já entregaram seus títulos. Exemplificamos com a necessidade premente de buscar os motivos de a juventude ingressar no MTG e nas entidades e nos deixar logo em seguida. Porque entram e não permanecem? Precisamos enfrentar um grande problema que vem se avolumando: temos duas realidades de participantes de rodeios, o urbano e o rural (mais campeiro) e temos um regulamento que não contempla essa dicotomia. Precisamos discutir, debater e tentar achar alternativas para resolver essa problema real. Precisamos preparar mais pessoas para estarem habilitadas para o debate acerca do tradicionalismo e serem difusoras de nossos princípios e idéias. Precisamos, assim como o CFor, trabalhar firmemente para ampliar o Congresso Tradicionalista – nosso principal fórum de debates – fazendo-o maior e mais atrativo. Precisamos, também, explorar melhor os recursos tecnológicos, objetivando melhor comunicação, maior difusão do tradicionalismo e melhor acesso de todos, o que também passa pelo acesso à secretaria administrativa do MTG, que precisa ser modernizada, agilizada e, se possível implantar nela serviços on line. Temos que convir, que estamos atravessando um momento conturbado, com inúmeras acusações de malversação das finanças na Fundação Cultural Gaúcha e nas atividades com participação direta do MTG. Entendo que clareza e transparência é tudo e, por isso, pretendemos que esses assuntos sejam tratados abertamente, inclusive com informação periódica da situação financeira do MTG e da FCG ao Conselho Diretor do MTG. Tratando da Fundação Cultural Gaúcha, entendemos que deve ser mantida como um importante meio de formação de receita, aprimorando parcerias e projetos. Muitas atividades em parceria com os governos federal e estadual podem ser buscadas por meio da FCG. Dinheiro existe nas áreas governamentais para cultura, especialmente a federal, os exemplos são inúmeros. Temos que ir buscá-los, com projetos atrativos e corretos. Relativamente a outras duas instituições, IGTF e CBTG, entendemos que, o IGTF é o órgão do Governo do Estado que existe para “auxiliar o MTG” e para funcionar “como um laboratório de pesquisa” e assim deve ser a relação entre as duas instituições, sem ingerência do órgão governamental no MTG. Quanto à CBTG, temos a exata dimensão de que se trata do órgão confederativo nacional que trata das tradições gaúchas, mas entendemos que a liderança em termos de tradição gaúcha é do MTG/RS. Observando esses limites temos certeza que as relações institucionais serão perfeitas e produtivas. Fora esses e outros planos, estamos buscando junto às entidades filiadas quais pontos positivos e negativos identifica no MTG atualmente e que modificações entendem ser importantes. Feito esse levantamento, aumentaremos nossos planos administrativos com a inclusão dos anseios das entidades. Esses são alguns dos planos que pretendemos implantar no MTG em 2011, participaremos ativamente dos Encontros Regionais em todas as Regiões Tradicionalistas, para que de forma periódica possamos ouvir as entidades e dimensionar seus anseios, buscando dosar a implantação de medidas que não maculem os princípios e a filosofia do tradicionalismo e, por outro lado, contemplem as necessidades das entidades filiadas.

Um comentário:

  1. Muito bom saber que há propostas para a continuidade do nosso Movimento, ainda mais de uma "cria" do Departamento Jovem do MTG! Agora é ver as propostas dos outros candidatos, o Sr. Presidente indicará uma chapa de situação?

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